terça-feira, 30 de novembro de 2010

As 10 estratégias de manipulação midiática


1. A estratégia da distração. O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado; sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja com outros animais (citação do texto “Armas silenciosas para guerras tranquilas”).

2. Criar problemas e depois oferecer soluções. Esse método também é denominado “problema-ração-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” previsa para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços púbicos.

3. A estratégia da gradualidade. Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceita basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4. A estratégia de diferir. Outra maneira de forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e desnecessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrificio imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5. Dirigir-se ao público como se fossem menores de idade. A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem enganar o espectador, mais tendem a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Ae alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade, então, provavelmente, ela terá uma resposta ou ração também desprovida de um sentido crítico (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”)”.

6. Utilizar o aspecto emocional mais do que a reflexão. Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos…

7. Manter o público na ignorância e na mediocridade. Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”).

8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade. Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

9. Reforçar a autoculpabilidade. Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se autodesvalida e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E sem ação, não há revolução!

10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem. No transcurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência gerou uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento e avançado do ser humano, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que o dos indivíduos sobre si mesmos.
do site Viomundo  (http://www.viomundo.com.br/)

* Linguista, filósofo e ativista político estadunidense. Professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts

Nota do Viomundo: este texto foi reproduzido da Adital, onde constava como autor Noam Chomsky. Mas três leitores nos alertaram que o verdadeiro seria Sylvan Timsit. Fomos checar. Consta realmente nos links indicados Sylvam Timsit. Acontece que buscamos mais dados sobre Sylvain Timsit e estranhamente não achamos ainda informações consistentes. Encontrei um suposto vídeo, mas não aparece o rosto dele. Vamos investigar mais.  Diante disso já enviamos email à Adital para saber a fonte do original em inglês. Desculpe-nos pelo erro.

Enviado por Suzana Mesquita

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O futuro da classe média


Reproduzo texto do Silvio Caccia Bava publicado no Sitio Le Monde Diplomatique


Passado o momento das eleições, em que a imagem de um “Brasil que deu certo” foi apregoada aos quatro ventos, é preciso reconhecer que, mesmo com a maré boa de crescimento econômico e com as políticas sociais do governo federal que permitiram uma redução substantiva do número de pobres e miseráveis, estamos muito longe de superar nossos problemas estruturais, especialmente a desigualdade social, que continua sendo das maiores do mundo.
 A rigor, os analistas que convidamos para colaborar com esta edição, identificam como classe média apenas o segmento que em 2009 correspondia a 7,7% da população, a chamada “alta classe média”, como aponta Waldir Quadros; os demais são trabalhadores qualificados que melhoraram seu padrão de consumo; são também os trabalhadores menos qualificados que tiveram acesso a uma renda maior em razão dos programas sociais. 
A melhoria do poder aquisitivo e das condições de vida se deu de maneira mais significativa entre os mais pobres, na base da pirâmide social. Ao lado disso, o crescimento econômico e a abertura de novos empregos formais geraram oportunidades de ascensão social para que alguns setores menos pobres possam aspirar a se tornar classe média. As estimativas são de que cerca de 1,7 milhão de pessoas possa vir a se beneficiar deste momento e, neste movimento de ascensão social, venha a participar desta “alta classe média”. Ainda que seja expressiva esta quantidade de pessoas, ela não permite projetar, num futuro próximo, que o Brasil se torne um país de classe média.
O aumento do consumo é uma realidade que pode se verificar em muitos setores e que interessa primeiramente aos beneficiários diretos, mas também a todos que apostam na consolidação do mercado interno. Mas este aumento do consumo não reflete somente os ganhos de renda, ele também se deve a um crescente endividamento pessoal, que já chega hoje em torno de ¼ dos ganhos mensais, conforme dados do Banco Central1. Em comparações com a capacidade de endividamento pessoal em outros países, até que estes valores são moderados, mas não podemos esquecer o fator da desigualdade e da baixa renda da grande maioria no Brasil, que não estão presentes nos países onde o endividamento é maior.
Se tudo correr bem e o Brasil continuar crescendo a taxas importantes nos próximos anos, não haverá problema, este endividamento é parte da própria estratégia de ampliação de mercado e beneficia mais a uns que a outros, mas beneficia a todos. Se, no entanto, nossa economia sofrer o impacto da desaceleração dos países industrializados (que consomem algo como 86% da riqueza produzida no mundo) e da sobrevalorização do real (que estimula uma política de importações e ameaça os produtores nacionais), as coisas podem tomar outro rumo e os endividamentos podem se tornar um problema.  
Os segmentos de crédito que tem mais crescido são o da compra de automóveis e de imóveis. E, nestes casos, estamos falando de financiamentos de médio e longo prazo. Se considerarmos que os períodos de crescimento se alternam com períodos de recessão nos ciclos do modo capitalista de produção, se considerarmos que as razões da crise financeira de 2007-2008 não foram debeladas e os global players das finanças continuam animando o cassino financeiro internacional, ainda mais poderosos que antes,  então são necessárias políticas que defendam o mercado interno e a produção nacional, para garantir empregos e proteção contra as crises que virão.
Uma parte importante dos benefícios que asseguram uma melhor qualidade de vida depende dos serviços e equipamentos públicos. São eles que garantem a universalidade de certos direitos, como educação, saúde, saneamento, transporte público, moradia. E é o Estado que tem a responsabilidade de prover estes serviços e equipamentos. Há aqui uma grande frente de investimentos em razão mesmo do déficit social acumulado. Só para dar um exemplo, quase a metade das residências brasileiras não tem esgoto.
Ser classe média não significa somente possuir um pouco mais de dinheiro para gastar, significa apropriar-se de conhecimentos e desenvolver potencialidades que habilitam o cidadão a entrar em outro universo simbólico e de valores, como discute Jessé Souza em seu artigo. Para isso, o investimento em educação, e educação de qualidade, é fundamental. O acesso aos bens culturais e até sua autorrepresentação frente à sociedade, sua auto-estima, contam muito. No fundo, se tornar classe média significa abandonar ou superar aquele lugar subalterno que a educação produzida pelas elites definiu como o lugar dos trabalhadores, das maiorias. As eleições criaram condições para se pensar em um novo modelo de desenvolvimento. E o futuro da classe média depende disso.
Silvio Caccia Bava é editor de Le Monde Diplomatique Brasil e coordenador geral do Instituto Pólis.

Enviado por Adolfo Fernandez



Comemorar muito, mas de sandálias.


Nossa avaliação das eleições presidenciais de 2010 deve começar sempre com uma tripla comemoração e com um forte agradecimento.
Comemoração pela continuidade do processo de mudanças iniciado em janeiro de 2003, pela eleição da primeira mulher presidente da República
e por termos derrotado mais uma vez a direita demotucana.
Valter Pomar* 


Agradecimento ao povo de esquerda, especialmente ao povo petista, milhões de brasileiros e brasileiras, alguns anônimos, outros nem tanto, que perceberam o perigo e foram à luta, sem pedir licença, sem pedir ordem, sem pedir autorização e sem precisar de orientação.

Foi principalmente este povo que ganhou a eleição presidencial, e não governantes, candidatos, dirigentes, coordenadores ou marqueteiros.

Devemos agradecer e comemorar, mas sem descuidar de um balanço crítico e autocrítico do processo.

Este balanço deve começar lembrando que vencemos com uma bandeira: dar continuidade à mudança. Como lembrou a própria Dilma, como recebemos uma "herança bendita", nossa única alternativa é aprofundar as transformações.

Ocorre que para vencer, enfatizamos a continuidade e debatemos pouco as mudanças. O tratamento dado ao programa do Partido e ao programa do coligação é apenas mais um sintoma disto.

Debatemos pouco as mudanças, mas o cenário do governo Dilma será muito diferente do que prevaleceu entre 2003 e 2010.

Noutras palavras: a mudança na realidade já está acontecendo, embora não tenhamos debatido em profundidade as mudanças que teremos que fazer na nossa política, para enfrentar esta nova realidade.

As mudanças já se deram e continuarão ocorrendo em três níveis principais.

Internacionalmente, o cenário será dominado não apenas pela crise e instabilidade econômica, mas também por cada vez maior instabilidade política e militar.

Nacionalmente, a direita vai dar continuidade ao tom radical assumido na campanha eleitoral.

Ao contrário do que alguns pensavam, o PSDB é o partido de direita e da direita. Demonstrando uma vez mais a periculosidade da proposta da "aliança estratégica" com o PSDB, feita entre outros por Fernando Pimentel, com os resultados já conhecidos em Minas Gerais.

A terceira mudança é a seguinte: nos marcos da atual estrutura tributária e macroeconômica, não será mais possível ampliar significativamente os investimentos econômicos e sociais.

Ou reduzimos substancialmente os juros, ou fazemos algum tipo de reforma tributária, ou interrompemos o crescimento dos investimentos, ou.... Em qualquer caso, tudo aponta para a agudização do conflito redistributivo no país, seja tributário, salarial, seja pela alta nos preços, pela alta dos juros etc.

Para dar conta destas mudanças, que conformam um novo cenário, teremos que enfrentar e superar três impasses estratégicos.

Primeiro: a política de melhorar a vida dos pobres, sem tocar na riqueza dos milionários, reforça o preconceito de uma parcela dos setores médios contra nós. Pois na prática estes setores perdem, em relação aos pobres, especialmente em termos de status.

Segundo: melhorar a vida material dos pobres, sem melhorar em grau equivalente a sua cultura política, deixa uma parcela dos que melhoraram de vida sujeitos à influência das igrejas conservadoras e do Vaticano, dos meios de comunicação monopolistas e da educação tradicional.

Aqui vale ressaltar que a disputa de valores faz parte da disputa política. Não percebe isto quem acha que fazer política é "administrar", esquecendo que a "percepção das obras" é mediada pela ideologia, pela visão de mundo, pela luta política.

Terceiro: o PT ganhou sua terceira eleição presidencial, mas ao mesmo tempo enfrenta cada vez mais dificuldades para hegemonizar o processo.

Estas dificuldades ficam claras quando analisamos o papel do PT na campanha, na composição do novo governo, na relação com aliados, na relação direta e cotidiana com o povo etc.

Quais são as principais dificuldades do PT?

Primeiro, a terceirização de parte de suas atividades dirigentes, seja para a bancada, seja para o governo, seja para o Lula. Há uma crescente distância entre a influência moral e eleitoral do PT, vis a vis a capacidade efetiva de direção de nossas instâncias.

Segundo, o empobrecimento de nossa elaboração ideológica, programática e estratégica. É preocupante o descompasso cada vez maior, entre a complexidade das questões postas diante de nós, no mundo, na América Latina e no Brasil, vis a vis nossa capacide de refletir coletivamente sobre estes assuntos.

Terceiro, há um processo de "normalização" do PT, de integração ao establishment. Durante muitos anos, o PT cumpriu um papel civilizatório na política brasileira. Pouco a pouco, por diversos motivos, entre os quais o financiamento privado das campanhas eleitorais, fomos nos adaptando a certos hábitos e costumes da política brasileira, dos mais ridículos aos mais graves, entre os quais tratar a eleição como mercado de votos.

Ou reagimos a isto e voltamos a cumprir --como Partido-- um papel civilizatório, reformador e em alguma medida revolucionário nas práticas e costumes da política, ou estaremos fazendo o jogo da direita e da mídia que dia e noite nos calunia.

O que falamos antes ajuda a explicar alguns dos motivos pelos quais uma parcela importante da juventude não se identifica mais conosco. Grandes parcelas da juventude podem ser ganhas por nós, se adotarmos práticas distintas, combinadas com projeto de futuro, ideologia, visão de mundo, programa transformador. Se não fizermos isto, teremos inclusive problemas eleitorais, pois na próxima eleição e na outra, não adiantará comparar nosso governo com o passado, pois para os mais jovens, nós também fazemos parte do passado.

Aqui vale destacar que nossa integração ao establishment não se dá como decorrência automática de nossa conversão em partido de governo. Aliás, ironicamente, as vezes nossos governos são o que há de mais inovador e atraente; enquanto nossas instâncias partidárias vão se transformando em "agências reguladoras" de nossa participação nos processos eleitorais, burocratizadas, sem vida, controladas por esquemas cada vez mais tradicionais.

A quarta dificuldade que enfrentamos está em nossa relação com os aliados.

Precisamos de aliados para vencer eleições e para governar. Mas, nas atuais regras do jogo, a mesma política de alianças que parece cumprir um papel positivo na nossa vitória nacional, não parece contribuir para um salto no tamanho de nossas bancadas parlamentares e no número de nossos governos estaduais. Isto, mantidas as atuais regras do jogo, nos condena a um teto, a um limite de crescimento. E, sem maioria de esquerda no Congresso, qualquer discussão sobre reformas profundas pela via institucional será apenas isso: discussão.

A este problema, cabe agregar um detalhe: apesar de nossa política de alianças, o antipetismo cresce entre os aliados, assim como cresce na sociedade.

Em decorrência das mudanças, impasses e dificuldades que citamos antes, entendemos que a direção nacional deve priorizar o debate sobre a estratégia e a tática do Partido, da qual decorre a política que defendemos para o conjunto do governo, da qual podemos deduzir os espaços que achamos devam ser dirigidos pelo PT. E não, como parecem pretender alguns, começar e terminar o debate pelos tais "espaços".

Na nossa opinião, o Partido deve priorizar quatro temas em 2011: a reforma política, a democratização da comunicação, a reforma tributária e a reorganização do PT.

Em resumo: com a eleição e posse de Dilma, a mudança continua, mas a disputa também.

Continua a nossa disputa contra o neoliberalismo, que não está morto, como se depreende do lobby do setor financeiro em favor de Meirelles, de Palocci, do ajuste fiscal e da alta de juros, para não falar do que ocorre no G20, na Europa e nos EUA.

Continua a nossa disputa contra o desenvolvimentismo conservador, aquele no qual as empresas capitalistas crescem, sem que haja mudanças estruturais na distribuição de poder, renda e riqueza.

E continua a disputa deles contra o PT. Disputa que vamos vencer, se abandonarmos as ilusões no inimigo, a defensividade absoluta e certo medo de sustentar nossas posições históricas e corretas, por exemplo em favor da democratização da comunicação.

A disputa contra o PT é uma disputa em torno do conteúdo da mudança que está em curso no Brasil. É uma disputa de hegemonia. E disputar hegemonia não é igual a fazer concessão, não é igual a ceder ou a recuar sempre. Disputar hegemonia é o contrário disto. Disputar hegemonia é travar uma luta cotidiana e permanente em defesa dos nossos valores, da nossa visão, do nosso projeto de mundo e de Brasil.


*Valter Pomar é membro do Diretório Nacional do PT
Texto baseado na intervenção feita na reunião do Diretório Nacional do PT



Enviado por Wilma Ary

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

"Grande" imprensa assume voz da tortura e da ditadura




Ao dar legitimidade a relatos de torturadores e assassinos a chamada “grande imprensa” está assinando definitivamente seu atestado de óbito como instituição democrática. O problema é mais grave do que simplesmente alimentar um terceiro turno de uma eleição que já foi decidida pela vontade soberana do povo. O mais grave é tomar a voz da morte, da violência e do arbítrio como sua! Tomar a voz do torturador como sua e vendê-la à sociedade como se fosse uma informação útil à democracia e ao interesse público. O que seria útil à democracia e ao interesse público neste caso seria publicar o arquivo secreto do comportamento vergonhoso dessa imprensa durante a ditadura. 

Editorial - Carta Maior

A chamada “grande imprensa” brasileira envergonha e enfraquece a nossa jovem democracia. O uso da palavra “grande”, neste caso, revela-se cada vez mais inapropriado. Não é grande no sentido da grandeza moral que uma instituição pode ter, posto que enveredou para o domínio da mesquinharia, da manipulação e da ocultação de seus reais interesses. E não é grande também no sentido quantitativo da palavra, uma vez que vem perdendo leitores e público a cada ano que passa. Mais do que isso, vem perdendo credibilidade e aí reside justamente uma das principais ameaças à ideia de democracia e de República. As empresas que representam esse setor se autonomearam porta vozes do interesse público quando o que fazem, na verdade, é defender seus interesses econômicos e os interesses políticos de seus aliados.

Falta de transparência, manipulação da informação e ocultação da verdade constituem o tripé editorial que anima as pautas e as colunas de seus porta vozes de plantão. O repentino e seletivo interesse dessas empresas por uma parte da história do Brasil no período da ditadura militar (que elas apoiaram entusiasticamente, aliás) fornece mais um prova disso. Os seus veículos estão interessados em uma parte apenas da história, como de hábito. Uma parte bem pequena. Mas bem pequena mesmo. Só aquela relacionada ao período em que a presidente eleita Dilma Rousseff esteve presa nos porões do regime militar, onde foi barbaramente torturada. O interesse é denunciar o que a presidente eleita sofreu e pedir a responsabilização dos responsáveis? Não seria esse o interesse legítimo de uma imprensa comprometida, de fato, com a ditadura? É razoável, para dizer o mínimo, pensar assim. Mas não é nada disso que interessa à “grande” imprensa.

O objetivo declarado é um só: torturar Dilma Rousseff mais uma vez. Remover o lixo que eles mesmo produziram com seu apoio vergonhoso à ditadura e tentar, de algum modo, atingir a imagem de uma mulher que teve a coragem e a grandeza de oferecer à própria vida em uma luta absolutamente desigual contra a truculência armada e o fascismo político. O compromisso com o resgate da memória do país é zero. Talvez seja negativo. Se fosse verdadeiro e honesto tal compromisso as informações dos arquivos da ditadura contra Dilma e outros brasileiros e brasileiras que usufruíram do legítimo direito da resistência contra uma ditadura não seriam publicadas do modo que estão sendo, como sendo um relato realista do que aconteceu. Esse relato, nunca é demais lembrar, foi escrito pelas mesmas mãos que torturavam, aplicavam choques, colocavam no pau de arara, violentavam e assassinavam jovens cujo crime era resistir a sua perversidade assassina e mórbida.

Ao tomar esses relatos como seus e dar-lhes legitimidade a chamada “grande imprensa” está assinando definitivamente seu atestado de óbito como instituição democrática. O problema é mais grave do que simplesmente alimentar um terceiro turno de uma eleição que já foi decidida pela vontade soberana do povo. O mais grave é tomar a voz da morte, da violência e do arbítrio como sua! Tomar a voz do torturador como sua e vendê-la à sociedade como se fosse uma informação útil à democracia e ao interesse público.

O que seria útil à democracia e ao interesse público neste caso seria publicar o arquivo secreto do comportamento dessa imprensa durante a ditadura. É verdade que a Folha de S.Paulo emprestou carros para transportar presos que estavam sendo ou seriam torturados? Se esse jornal está, de fato, interessado em reconstruir a história recente do Brasil por que não publica os arquivos sobre esse episódio? Por que não publica o balanço de quanto dinheiro ganhou com publicidade e outros benefícios durante os governos militares? Por que o jornal O Globo não publica os arquivos secretos das reuniões (inúmeras) do sr. Roberto Marinho com os generais que pisotearam a Constituição brasileira e depuseram um presidente eleito pelo voto popular?

Obviamente, nenhuma dessas perguntas será motivo de pauta. E a razão é muito simples: essas empresas e seus veículos não estão preocupadas com a verdade ou com a memória. Mais do que isso, a verdade e a memória são obstáculos para seus negócios. Por essa razão, precisam sequestrar a verdade e a memória e apresentar-se, ao mesmo tempo, como seus libertadores. É uma história bem conhecida em praticamente toda a América Latina, onde a imensa maioria dos meios de comunicação desempenhou um papel vergonhoso, aliando-se sistematicamente a ditaduras e a oligarquias decrépitas e sufocando o florescimento da democracia e da justiça social no continente.

Um episódio ocorrido dia 15 de novembro em Florianópolis ilustra bem a natureza e o caráter dessa imprensa. O comentarista da RBS TV, Luiz Carlos Prates, fez um inflamado discurso sobre os acidentes no trânsito dizendo que a culpa é “deste governo espúrio que permitiu que qualquer miserável tivesse um carro”. O governo espúrio em questão é o governo Lula que, por três vezes agora, foi consagrado nas urnas. O que o comentarista da RBS está dizendo, na verdade, resume bem o que a chamada grande imprensa pensa: é espúrio um governo que permita que qualquer miserável tenha um carro; é espúrio um governo que permita que qualquer miserável vote; é espúrio um governo que ousa apontar para um caminho diferente daquele que defendemos.

Durante a campanha eleitoral, essa mesma imprensa, ao mesmo tempo em que acusava o governo e sua candidata de “ameaçar a liberdade de imprensa”, demitia colunistas por crime de opinião, ingressava na justiça para tirar sites do ar e omitia-se vergonhosamente quando o seu candidato e seus aliados censuravam pesquisas, revistas e blogs. Houve alguma censura por parte do governo? Nenhuma, zero. Apenas uma crítica feita pelo presidente da República à cobertura sobre as eleições. Um crime inafiançável.

Não há mais nenhuma razão para palavras mediadas, expectativas ambíguas e estratégias de comunicação esquizofrênicas. Essas mesmas empresas que não se cansam de pisotear a democracia, desrespeitar a verdade e desprezar o povo não se cansam também de sugar milhões de reais todos os anos em publicidade dos governos que acusam de ameaçar sua liberdade. Cinismo, hipocrisia, mentira e autoritarismo: essas são as mãos que embalam o berço dessas corporações que entravam a democracia e a justiça social no Brasil.
grifos meus,ABAIXO O PIG (marinho)

Enviado por Wilma Ary

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dilma: Folha diria que Tiradentes traiu a Pátria




Extraído do site Amigos do Presidente Lula (aquele que a dra Sandra Cureau quis calar): 

Folha e Globo mentem: havia uma guerra civil no Brasil durante a ditadura


Folha e Globo, seguidas de Veja e Estadão fizeram “reporcagens” a partir do processo da ditadura contra Dilma Rousseff no STM (Superior Tribunal Militar).


Processos como estes exigem do repórter e do editor um mínimo de conhecimento da história e visão crítica da época para não escrever bobagens, principalmente usando de má-fé como fizeram os jornais.


Ignorar a realidade da época é o mesmo que publicar uma reportagem sobre o processo de D. Maria, a Louca, contra Tiradentes, e endossar as acusações tiranas de que Tiradentes seria um “traidor infame”.


A má-fé dos dois jornais não está em publicar o conteúdo dos autos do STM, que pertencem à história, e podem ser estudados, para evitar novas tiranias, com a devida crítica (por exemplo, considerando sem valor, a princípio, informações obtidas sob tortura, sem que haja confirmação).


A má-fé está em confundir o leitor, principalmente àquele que não conhece o contexto da época, querendo atribuir caráter criminoso em ações de combate, de insurgência contra a tirania, de guerra de guerrilha (como tomada de armas do inimigo, expropriação à bancos), da mesma forma que a Corôa Portuguesa atribuiu como criminosa a insurgência política de Tiradentes.


Como a mentira tem pernas curtas, é fácil desmascarar essa imprensa corrupta: se as ações rebeldes fossem crimes comuns, porque Dilma e seus companheiros eram julgados por um Tribunal Militar, e não pela justiça civil comum?


À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares, crimes de guerra. É a prova irrefutável de que a própria ditadura reconhecia haver uma guerra de guerrilha em curso, e que as ações da guerrilha eram de combate.


O Brasil viveu uma guerra civil durante a ditadura camuflada pela censura e pelo PIG


Não foi uma guerra civil ostensiva, foi guerra de guerrilha.


Guerrilha é quando um combate se trava entre forças desproporcionais. Sem poder bélico para enfrentar um exército regular, a guerrilha precisa ficar escondida, e só apontar a cabeça em ações típicas de emboscada e sabotagens (como tomada de armas em quartéis e de policiais, expropriação a bancos, ataques à alvos da ditadura), para depois se esconder de novo. A guerrilha não pode ter quartéis visíveis, nem campos de batalha previsíveis, senão é facilmente dizimada pela inferioridade numérica e bélica.


A guerrilha não visa necessariamente vencer na força bélica. Visa criar focos de resistência, inserindo o espírito de luta (mesmo não armado) e resistência na população, na nação.


Num país continental e urbano, como o Brasil, caso houvesse apoio popular, as ações armadas tenderiam a ser substituídas por greves e protestos de massa, criando um ambiente político tal, que faria o tirano bater em retirada do poder. Esse resultado acabou acontecendo, na abertura lenta e gradual, com as greves do ABC, com as manifestação das Direstas Já, culminando com  a redemocratização.


Esse mesmo tipo de ação guerrilheira – com poderio bélico inferior, mas apoio popular – levou Nelson Mandela à democracia racial sul-africana e levou à criação da República da Irlanda (exceto a Irlanda do Norte, que ainda faz parte do Reino Unido).


No Brasil, a ditadura montou um conjunto de dispositivos para não deixar a guerrilha atingir seu principal objetivo: a organização e mobilização popular.


Para isso era preciso esconder que havia uma guerra civil legítima em curso contra a ditadura. Além da censura, era preciso demonizar na propaganda noticiosa os guerrilheiros como “criminosos”, para não despertarem empatia popular, não criar mártires, nem despertar admiração, nem ideais a serem seguidos.


Foi preciso fazer o mesmo com os guerrilheiros, que D. Maria, a louca, fez com Tiradentes e os demais inconfidentes.


E lá estavam as velhas conhecidas familias Marinho, Frias, Mesquita e Civita, da velha mídia, engajadas em demonizar os guerrilheiros, em entusiasmados editorais, colunas e na deturpação do noticiário. Hoje, coerentes com o passado em prol da ditadura, fazem o mesmo ao colocaram suas mãos sujas no processo de Dilma, vilipendiando a verdade.


Além do aparelho repressivo policial-militar e para-militar, a ditadura criou Atos Institucionais e inseriu na lei de segurança nacional, carta branca para prender e arrebentar qualquer um que insurgisse contra a ditadura, seja sem arma, seja com armas.


Ato Institucional nº 6, transformou o STM (Supremo Tribunal Militar) em um tribunal de exceção, onde passaram a ser processados todos enquadrados na Lei de Segurança Nacional, inclusive os civis. Foi o reconhecimento pela ditadura de que estava travando uma guerra civil para se manter no poder.


Qualquer atividade civil de oposição de esquerda (ou que “ameaçasse” o regime), como críticas ao presidente e às autoridades, panfletagem, organização e reunião popular, greve, associação de funcionários “desautorizadas”, eram punidas, desde a prisão até a pena de morte, pela Lei de Segurança Nacionalvigente na época, em processos na Justiça Militar.


Nesse contexto, de proibição à qualquer atividade real de oposição, é que só restou a resitência armada. Qualquer outra atividade de protesto que trabalhadores, estudantes e movimentos sociais fazem livremente hoje, com a maior naturalidade; qualquer coluna de jornal alternativo ou panfleto com críticas contundentes, dava pena de prisão na época. Até discussão de boteco ou na esquina, se alguém falasse mal do ditador ou da ditadura, ia em cana.


A guerrilha, por natureza, quase sempre acontece em movimentos de indenpência, de libertação nacional, ou contra ditaduras, quando não há liberdade de expressão, onde é proibido disputar o poder no voto livre. É a luta do oprimido contra o opressor.


Escalada da Ditadura levou à proliferação da luta armada


No Brasil, o golpe de 1964 não teve reação à altura, nem mesmo desarmada, por que foi uma ditadura implantada em etapas. Numa primeira hora, chegou a ser como um golpe pontual com “crise política e militar”. Centristas do PSD, consumado o afastamento de Jango, tentaram fazer um acerto com os militares para reconduzir à normalidade institucional.


A constituição dizia que, faltando menos de 2 anos para o fim do mandato, o Congresso Nacional elegeria o novo presidente. Em acordo, JK e todo o PSD apoioaram a eleição de Castelo Branco no Congresso Nacional, inclusive emprestando como vice um hábil articulador político do PSD (o mineiro José Maria Alckmin). A derrubada de Jango foi um golpe, mas, a rigor, a eleição de Castelo Branco, até ali, retomava o caminho constitucional. O acordo previa que Castelo cumpriria o período do mandato de Jango até o fim, como determinava a Constituição, seguraria os militares da chamada linha dura nos quartéis, e cumpriria o calandário eleitoral, havendo eleições diretas para presidente em 1965, como previa a ordem institucional.


Uma vez eleito, Castelo Branco descumpriu os acordos, vieram golpes dentro do golpe (o próprio JK foi cassado em seguida, pelo próprio Castelo), cada vez mais afastando o caminho da redemocratização e transformando o Brasil numa ditadura cada vez mais arbitrária e massacrando a oposição.


Entre 1965 a 1968 movimentos civis, como dos estudantes e trabalhadores se reorganizaram em resistência popular (desarmada), nas ruas. Faziam cada vez mais protestos, greves e passeatas. Trabalhadores começavam a voltar a fazer greves, duramente reprimidas, com prisões e intervenções nos sindicatos.


O AI-5, em dezembro de 1968, fechou as portas para qualquer atividade de oposição. A falta de resistência em 1964, que havia levado à ditadura cada vez mais atroz, explodiu em 1968, com milhares de jovens (de todas as idades) resolvendo resistir, aderindo à unica forma de resistência que ainda parecia viável: a luta armada.


Dilma não participou diretamente de ações armadas, mas não há nenhum demérito em quem participou, pelo contrário. Foi um ato voluntário, de sacrifício e bravura, como o de qualquer soldado que combate em uma guerra. Muitos sem qualquer preparo, nem aptidão militar, acabaram sacrificando a própria vida ou em confronto com um exército e polícia bem preparada, ou torturados e executados nas masmorras da ditadura.


Enviado por Adolfo Fernandez

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Nossa política e nossas tarefas



Brasil de Fato 403
17 a 23 de novembro de 2010


Ou os partidos de esquerda, as organizações e movimentos dos trabalhadores e de todos os explorados e oprimidos se colocam a tarefa de aprofundamento e ampliação de suas bases – de modo independente e autônomo – e se lançam numa grande disputa política e ideológica da sociedade, ou estaremos fadados a sucumbir ao fascismo.

Em termos da disputa ideológica, sua urgência ficou patente nas últimas eleições presidenciais: de repente, como se ressurgissem das suas catacumbas, as forças mais sinistras do nosso país foram alçadas ao proscênio pelas mãos do candidato derrotado: não satisfeito com o DEM, esse senhor legitimou o Comando de Caça aos Comunistas (CCC); a Tradição, Família e Propriedade (TFP); o Integralismo, e tantas outras sociedades de celerados. A grande mídia comercial, por sua vez, naturalizou essa questão, reforçando assim a legitimidade conferida por seu candidato a tais grupos. O nosso silêncio, antes de tudo, será uma conivência, um reforço à banalização desse gravíssimo precedente. 

Sobre a independência e autonomia das organizações e movimentos dos trabalhadores, dois passos são imprescindíveis para nos livrarmos da herança fascistizante (e, portanto, populista) da ditadura do Estado Novo: o fim absoluto da carta e do imposto sindical; e a organização dos trabalhadores em seus locais de trabalho e de moradia, ao invés da organização em torno das sedes dos sindicatos e/ou de Guias Geniais dos Povos, como pretendeu Getúlio Vargas, e em conseqüência do que pagamos muito caro no golpe de 1964: ocupadas as sedes dos sindicatos, e presos ou perseguidos seus dirigentes, em menos de 48 horas a classe trabalhadora e o povo estavam absolutamente desorganizados e, portanto, incapazes de resistir, independentemente de qual fosse a orientação dos partidos que hegemonizavam a política nacional-desenvolvimentista em curso durante o Governo do presidente João Goulart.

Já no que diz respeito aos partidos políticos de esquerda, cabe incorporar em suas políticas o enunciado nos dois parágrafos anteriores; orientar seus militantes para o trabalho de organização dos trabalhadores e de todos os explorados e oprimidos, dando prioridade àqueles ligados diretamente à produção, seja nas cidades ou no campo; e, por fim, discutir, elaborar e disputar na sociedade um programa político claro para enfrentar a atual situação. Um programa que tenha como preocupação a unificação das forças de esquerda, da classe trabalhadora e do povo. Um programa que tenha como estratégia, o entendimento de que o avanço das nossas conquistas não se dará tendo como palco central (menos ainda exclusivo) as instituições do Estado, mas que depende de combinar essas lutas institucionais com as lutas das organizações e movimentos populares. Sobretudo sem esquecer em nenhum momento que o terreno onde podemos crescer e ser mais fortes, são exatamente as ruas, avenidas e praças. 

O quadro internacional que se esboça nos é desfavorável, e já é mais que evidente que as grandes potências econômicas e políticas vergam-se cada vez mais, do ponto de vista político e ideológico, para a ultradireita, na mesma velocidade e medida em que, a crise inaugurada há alguns anos, começa a explodir mais dura em diversos países, como Grécia, Espanha, Portugal e França.

Em breve, um novo surto dessa crise se manifestará intensamente nos EUA, e não se tem ainda idéia de sua dimensão e da violência com que poderá nos atingir – sobretudo que hoje somos donos de duas das mais importantes reservas petrolíferas. As guerras são apenas a política feita através das armas, com a qual as maiores potências procuram resolver seus problemas às custas dos povos, inclusive os seus.

Analistas de todas as procedências têm advertido sobre essa crise, e sobre a política belicista da Casa Branca, tão intensa hoje quanto o foi sob George Bush.

De acordo com o economista cubano Osvaldo Martinez, em seu artigo “Crise econômica global, guerra econômica e gasto militar”, “A estrutura do orçamento dos EUA e a lógica de sua política econômica, com Bush e Obama, é a de uma economia de guerra na qual o gasto militar exacerba o déficit fiscal, mas permite o funcionamento de um ‘equilíbrio do terror financeiro’, repassa imensos lucros ao complexo militar industrial e mantém uma chantagem global baseada na força militar”. (CubaDebate, LA Habana, 16 De Novembro De 2010)

Some-se a isto, a situação interna do país, onde as contradições de classes se aguçam. Apenas para ilustrar essa questão, transcrevemos um trecho do que nos diz Bill Quigley, Diretor do Centro para os Direitos Constitucionais e professor de direito na Universidade de Loyola de New Orleans, em seu artigo “EUA: concentração de renda e aumento da pobreza como reflexos de suas políticas elitistas”:

A disparidade de renda nos EUA é hoje tão ruim como era antes da Grande Depressão, no final da década de 1920. Entre 1979 e 2006, a camada formada pelo 1% mais rico mais que dobrou sua porção no total das rendas, passando de 10% para 23%. Sua renda anual média foi superior a 1,3 milhões de dólares. Nos últimos 25 anos, mais de 90% do total de crescimento das rendas nos EUA foi para os 10% mais ricos, deixando apenas 9% para as outras faixas de renda que formam os demais 90% da população”. (Grifos nossos)

Enviado por Wilma Ary

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Por que tanta fúria contra Protógenes e Tiririca?


Há uma diferença entre promotores numa democracia
 e inquisidores como o que

F. Murray Abraham interpretou 
em "O Nome da Rosa".


Celso Lungaretti,  Jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com


Protógenes Queiroz foi um dos candidatos que o palhaço Tiririca, com sua enorme votação, rebocou para a Câmara Federal.
Não gosto do Protógenes, de suas lambanças, de sua troca de favores com a Globo e de sua súplica a Barack Obama, no sentido de que interviesse em seu favor contra o governo brasileiro, imiscuindo-se em nossos problemas internos.
Também não gosto do Tiririca, com seu humor primário e grosseiro.
Mesmo assim, porque prezo os princípios acima de tudo, faço questão de deixar registrado que considerei exageradíssima a pena de três anos e 11 meses de prisão, implicando também perda do mandato de deputado e do cargo de delegado, a que Protógenes foi condenado pela 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo, por vazar informações e fraudar provas da Operação Satiagraha.
A batalha jurídica apenas começou, claro, mas o rigor da sentença contrasta de forma chocante com a quase totalidade das decisões em feitos que envolvem figuras notórias, mesmo as tão discutíveis como Daniel Dantas. Minha impressão de leigo foi a de que se aplicou o conhecido critério de  dois pesos e duas medidas.
Quanto ao Tiririca, o promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes lhe impôs um humilhante teste de alfabetização e, como o resultado não foi aquele com que sonhava, lança dúvidas sobre sua lisura, promete entrar com mandado de segurança para exigir novo teste, diz que vai recorrer no caso de absolvição, etc., etc.
Se ele falou mesmo tudo que lhe atribui a notícia da Folha.com Promotor quer que Tiririca faça novo teste para comprovar alfabetização, não vejo como, numa democracia, ele possa ser mantido à testa do caso.
Pois sua missão seria a de contribuir para que se fizesse justiça, não a de ser todo acusação e  só acusação, reagindo irada e intempestivamente contra qualquer ocorrência que possa beneficiar a vítima de sua obsessiva perseguição.
É como ele está procedendo em relação ao Tiririca: tendencioso, furibundo e descontrolado. 
Seu imediato afastamento é imperativo, em nome da isenção, do equilíbrio e da serenidade com que deve ser exercida a função de promotor.

Enviado por Wilma Ary